23 de março de 2012

Tem espinha neste filé

O Jornal Folha Patrulhense (veja matéria AQUI) de 08 de março de 2012, em sua página 15, apresenta uma reportagem sobre a visita de uma comitiva de vereadores acompanhada pelo senhor Secretário da Agricultura do município, à unidade de “filetamento” de pescado, localizada nas dependências da antiga FEASA. Coloco entre aspas a palavra filetamento, pela falta deste verbete no novo dicionário Aurélio. 

  
Vereadores visitam Unidade de Filetamento de Pescado em Esquina dos Morros


Ainda, segundo a matéria, que curiosamente não é assinada por ninguém, consta que o investimento total para a construção desta unidade, teria sido em torno de R$320.000,00 e que estes recursos foram bancados pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, ou seja, foi utilizado dinheiro público, dinheiro dos nossos impostos para custear este projeto.

Como a matéria é um tanto confusa, deixando margem à interpretações, vou "meter a minha colher" neste assunto. 

Conforme diz o Secretário, o impasse dura cerca de oito anos e deve ser resolvido em breve, lembrando ainda que falta resolver alguns entraves burocráticos, como a solicitação de cessão de uso por parte da Associação dos Piscicultores e Agropecuária, o que ainda, segundo o secretário, deve ser providenciado, em breve, por parte dos interessados. Resolvido este “pequeno” entrave, a administração municipal vai adquirir um último equipamento necessário para o início do funcionamento da estrutura.   

Como assim, impasse com duração de oito anos? Quer dizer que primeiro gastaram o dinheiro neste projeto, para só depois resolverem as questões burocráticas e de ordem legal? Os maiores interessados em ver esta indústria funcionando, a Associação dos Piscicultores, ainda não encaminhou o pedido de cessão e uso do local? Penso que este caso deve ser um pouco melhor explicado para a população. 

Com base em informações de várias pessoas que conhecem estas instalações, lá na FEASA, acredito haver uma enorme diferença entre a matéria publicada no jornal e a realidade desta “indústria de pescados”. Até o momento, este projeto, não passa de um “elefante branco”, um enorme paquiderme inerte, sem nenhum aproveitamento. A continuar assim, um desperdício de dinheiro público, para falar bem a verdade. 

Entre outras coisas, fiquei sabendo que o equipamento para fabricar gelo, instalado nesta “indústria”, consome mais energia elétrica do que o custo do gelo no mercado. Será verdade? Algum vereador tem conhecimento disto?

Será que os nobres vereadores ficaram satisfeitos com as explicações dadas pelo secretário? Sendo assim, porque não promoveram um almoço ou jantar, em comemoração ao futuro aumento de renda dos produtores de peixe, além da geração de pontos de trabalho, como finaliza o Presidente do Legislativo patrulhense? Bem que para este banquete, poderiam servir filé de peixe, produzido na indústria de pescados da Esquina dos Morros. Aposto que alguém teria que providenciar na compra de filé de caixinha em algum supermercado do município.

No início desta reportagem da Folha Patrulhense, está escrito o seguinte: “A função do vereador nem sempre é bem conhecida pela comunidade, mas os parlamentares desta Legislatura estão atuando fortemente em suas atribuições, principalmente no que tange à fiscalização dos atos administrativos”. Teria sido com a finalidade de “fiscalizar” que o Presidente do Legislativo agendou na Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente uma visita à Unidade de “Filetamento” de Pescado e Sub Produtos, situada na localidade de Esquina dos Morros. Quer dizer que, somente nesta legislatura, os nossos nobres “edis” estão cumprindo com parte das suas atribuições? Com a palavra os vereadores das legislaturas passadas, inclusive os que fazem parte desta atual composição na Câmara de Vereadores.

No que se refere ao desconhecimento da população sobre a verdadeira função de um vereador, concordo plenamente. Posso afirmar que a grande maioria dos eleitores brasileiros não sabe o que um vereador deve fazer para desempenhar a sua função, que é a de legislar e fiscalizar os atos do Poder Executivo. As procurações em branco que lhes foram passadas nas urnas, através do voto, é para este fim, nada mais. Sem o uso da máquina pública para se reeleger, sem favores pessoais e sem passar a mão por cima dos erros do Executivo almejando a troca de favores para os seus eleitores.

A prova de que a população desconhece as atribuições de um vereador são algumas reeleições que jamais deveriam ter acontecido. 

Vamos ficar de olho bem aberto nas próximas eleições!  Precisamos passar em revista o que fizeram e o que deixaram de fazer os nossos atuais vereadores. Não esqueçam aqueles que votaram contra a vontade da maioria dos eleitores desta cidade, aumentando o número de cadeiras no nosso legislativo de nove para treze vereadores. Todos nós temos alguns segundos para votar e quatros longos anos para nos arrepender ou comemorar o acerto do nosso voto.

Agora, que fique bem claro, tem muita espinha neste filé. Ah, isto tem!

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